Novas edições da obra completa chegarão às livrarias esse ano
João Cabral de Melo Neto nasce no dia 9 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira, no Recife. Aos quinze anos é o camisa 5 do Santa Cruz Futebol Clube, e aos dezoito frequenta o Café Lafayette, ponto de encontro da intelectualidade recifense. Chega ao Rio de Janeiro com a família em 1940, e dois anos depois lança seu primeiro livro, Pedra do sono, numa edição custeada por ele mesmo, com tiragem de pouco mais de trezentos exemplares.
A carreira diplomática começa em 1945, quando entra para o Itamaraty, chegando a embaixador. João então mora em Barcelona, Sevilha, Lisboa, Marselha, Madri, Berna, Quito... e os locais por onde viveu e viajou estão presentes em sua obra. Escreve clássicos como O cão sem plumas eMorte e vida severina, e recebe prêmios como o Camões e o Neustadt International.
Fica conhecido por desprezar o lirismo, a retórica, adotando um estilo mais seco e conciso. Cabral compara o poeta ao escultor, que incessantemente corta a pedra até que a escultura surja de dentro dela. Falece em 1999, deixando uma obra de força descomunal. Hoje, João Cabral completaria cem anos, e fica aqui nossa saudade e homenagem a ele.
OBRA COMPLETA
Para celebrar o centenário, a editora Alfaguara prepara duas edições especiais da obra de Cabral. Em junho, chega às livrarias a poesia completa do autor, organizada pelo crítico e ensaísta Antonio Carlos Secchin, com colaboração da pesquisadora Edneia Rodrigues Ribeiro, responsável pela seção de "Inéditos e dispersos". No segundo semestre, é a vez do lançamento de um volume de prosa organizado pelo acadêmico Sergio Martagão, também com a colaboração de Edneia. O título vai incluir entrevistas, ensaios, discursos e textos até então somente publicados em edições dispersas ou mesmo fora de catálogo.
POEMA INÉDITO
O DIALETO
No Recife havia um dialeto- família, o Gonsalves de Melo. Nele falava minha mãe e escrevia seu primo Gilberto.
Ele me aflora quando falo distraidamente ou sem ecos. Nele nunca soube escrever: deve escrever-me um super-ego.
Depois de anos-luz de outras falas, de viver de línguas alheias, p. ex, o esperanto carioca, que menos que fala, canteia,
caio de volta no dialeto com oito dias no Recife: volta na fala, que na escrita o super-ego não desiste
EVENTO
Ao longo de 2020, vamos celebrar o centenário de João Cabral com uma série de eventos. O primeiro deles será um bate-papo com Heloisa Starling e Schneider Carpeggiani, editor do Suplemento Pernambuco. O evento acontece no dia 30 de janeiro, às 19h, na livraria Blooks, no Rio de Janeiro. Contamos com sua presença!
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