Supremo Tribunal Federal

Pesquisar este blog

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pronunciamento do governador Antonio Anastasia durante o Dia de Minas


Dia de Minas - Mariana (MG)

Senhoras e Senhores,

Inicio meu pronunciamento cumprimentando todos os agraciados com esta medalha do Dia de Minas, evocativa dos valores mais tradicionais de nossa primeira vila e capital.
Da mesma forma, cumpre-me agradecer a palavra sempre sábia e ponderada de nosso Orador oficial, Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, insigne magistrado e professor, mineiro da cidade de Pedro Leopoldo e que hoje honra Minas Gerais no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, do qual será o próximo presidente.
Mineiros e mineiras,
Para a maioria dos povos, a história é uma imposição das circunstâncias, e elas explicam os seus sentimentos e o seu caráter.
Minas, senhoras e senhores, foi uma escolha. Não somente a escolha de suas serras e águas, para a aventura do ouro, e a febricitante ocupação que se iniciou exatamente aqui, na margem do Ribeirão do Carmo, mas a escolha de se construir uma civilização própria, ao longo destes três séculos singulares, que marcam e identificam o nosso povo, no Brasil e na América.
Como a vida é um mistério, e, nesse mistério maior, há coincidências que se enramam, a história e o caráter dos montanheses que somos se ancoram no duro ofício do garimpo.
Garimpar é obstinada escolha, na intuição do espaço em que fazer a cata, na busca dos veios, na atenção aos detalhes, na concentração necessária.
Ao mesmo tempo, os ouvidos devem entender a linguagem do vento, no aviso do perigo iminente, que pode vir da natureza ou dos saqueadores.
Essa concentração da mente, a um tempo só com o detalhe e o mundo, nos diminutos grãos da rocha e na palidez da areia, e o universo em torno, se encontra na gênese espiritual de Minas.
Talvez aí se esconda o grande segredo dos mineiros, que os faz tão singulares em sua intransigente brasilidade.
O garimpo nem sempre traz as gemas e as pepitas; às vezes ilude e decepciona com os fascinantes veios de pirita, mas a atividade, em si mesma, premia o faiscador. Esse sentimento de que mais importante do que o achado é a busca, orienta e conduz os homens de Minas.
Os mineiros, ao contrário do lugar comum, não são discretos por astúcia, mas, sim, por modéstia. Não escondem seus bens movidos pela avareza, mas para não fazer deles servidores da soberba.
Detestam ofender os outros, mas não se esquecem facilmente das ofensas que recebem, e as guardam em suas arcas de brauna, para censá-las de vez em quando, da mesma forma que manuseiam as escrituras de suas terras.
Sabem, no entanto, avaliar as circunstâncias, e desprezar, como desdenháveis que são, os ultrajes dos estultos.
Ao mesmo tempo, castigados pelas experiências das lutas para a proteção de suas lavras e de sua liberdade - durante as ásperas jornadas de formação como povo - nós mineiros procuram sempre o entendimento, mas não deixam de afiar seus sabres e carregar as espingardas. Seu caráter se revela no provérbio popular tão conhecido: o mineiro dá um boi para não entrar em uma briga, mas uma vez que nela entra, sacrifica a boiada inteira para não sair sem honra.
Não temos a astúcia dos predestinados, mas, sim, a cautela dos ingênuos. É essa cautela, dos que desconfiam do saber fácil e das equações conhecidas, que explica muito de nossa alma política.
Em Minas, mais do que em outros lugares, tudo é política. Somos negociadores por natureza e pela experiência. Buscamos, com o denodo que assiste os justos, na solução dos pleitos, o ponto comum, o equilíbrio, que, ao nos favorecer, não desfavorece o outro.
O que nos socorre é o senso do equilíbrio, uma forma de pacto com as circunstâncias, para o avanço, não para a estagnação imposta pelo arbítrio. Andamos pelo meio da estrada, a fim de que nos vejam bem, mesmo quando corremos o risco das emboscadas – assim, não nos embuçamos e somos claros em nossas ideias e projetos.
Os mineiros não buscam o êxito como fim. São trabalhadores dedicados, que administram as circunstâncias e se satisfazem no cumprimento de um dever para com a vida.
Não é o destino que os convoca, mas o caminho. É o contrato singelo com o cotidiano; mais do que o conselho de Horácio, de aproveitar o dia e descrer do amanhã, ele segue o de fazer o dia, como obra de seu trabalho, de nele viver, menos com os prazeres do usufruto, e mais com a alegria da ação.
Mineiros,
Ao fazer uma análise de Minas, Alceu do Amoroso Lima disse que a grande fidelidade de nossa gente é com a sua origem familiar, é com a figura do arraial.
Por mais modernas sejam as nossas grandes cidades da atualidade, nossa memória afetiva, como povo, está nos velhos arraiais mineiros, alguns desfeitos pela crua destruição de sua arquitetura, e outros preservados, como alguns dos que ainda cercam Mariana e Ouro Preto.
A sólida sobriedade de seus sobrados, que serve de marco à sobriedade de Minas, é mais do que a memória do passado; indica o forte compromisso de Minas para com os seus valores permanentes.
Em Minas, porque amamos o futuro, e o queremos sempre mais justo para todos os homens, não desprezamos o passado.
Minas é um enigma. Um Claro Enigma, conforme o título de um dos livros de Carlos Drummond de Andrade. E é exatamente neste livro, em seu poema maior, A Máquina do Mundo, que o poeta de Itabira, faz a forte ligação de nossa realidade ao Universo, ao narrar a sua caminhada por uma estrada pedregosa de Minas, e sentir que um sino rouco se misturava ao som pausado e seco de seus sapatos.
Não há melhor imagem poética para unir o chão áspero à transcendência divina, do que a do ruído do sino rouco, marcando o ritmo dos sapatos do andarilho.
E é assim que a revelação da máquina do mundo, ou seja, a epifania do Absoluto, se faz:
Abriu-se, majestosa e circunspecta,
Sem emitir um som que fosse impuro,
Nem um clarão maior que o tolerável.
Mas o caminhante tem os pés firmes no chão, não se deixa seduzir pela estranha sedução do Mistério.
É melhor que o mistério se recolha em si mesmo, e que o enigma, em sua clareza, continue ali, exposto na realidade da tarde, que se faz noite. É preciso desdenhar a tentação, que não sabemos de onde vem, porque nós, os mineiros, que não duvidamos de Deus, tampouco devemos desprezar os disfarces do demônio. É melhor, mesmo avaliando o que se perde, perder o que nos parece demasiado.
A treva mais estrita já pousara
Sobre a estrada de Minas, pedregosa,
E a máquina do mundo, repelida,
Se foi miudamente recompondo,
Enquanto eu, avaliando o que perdera,
Seguia, vagarosamente, de mãos pensas.
Senhoras e senhores,
Peço-lhes entender o meu pronunciamento, um pouco distanciado das inquietações políticas do momento. Creio que, nesta quadra de dúvidas e de sobressaltos, nós, os mineiros, devemos retornar aos arraiais de nossa formação e buscar, no núcleo mais profundo do espírito, a inspiração necessária.
É assim que nas reflexões sobre o que somos, e sobre os nossos compromissos para com o destino do Brasil, do qual não queremos nos distanciar, socorri-me do nosso poeta maior.
A "máquina do mundo", com suas promessas, pode ser uma sedução de Fausto, e é mais de nossa natureza prudente seguir caminhando pela estrada pedregosa de Minas, com as mãos pensas, mas a alma resistente, o som rouco do sino marcando o ritmo dos sapatos sobre o rude e áspero cascalho de nosso solo mineral.
Aqui, nestas montanhas e nestas águas, está a nossa fé na dignidade essencial dos seres humanos, e dela nunca iremos abjurar.
E é essa fé que nos chama ao trabalho, ao desenvolvimento pleno e seguro de nossa economia, e à divisão mais justa dos bens vindos do trabalho comum.
É essa fé que nos faz irmãos de todos os brasileiros, do Norte ao Sul, na consolidação de nossa independência política, que se complementará na autonomia econômica, científica e tecnológica.
Nesse caminho, temos que defender, com todos os meios, os bens nacionais e a liberdade, como sempre fizemos em Minas, sem esquecer os nossos compromissos para com a paz e a felicidade de todos os homens e mulheres do nosso planeta, em sua viagem eterna e infinita pelo espaço e pelo tempo.
Viva Minas Gerais!
Muito obrigado.

18h09m - 16 de Julho de 2012

http://www.agenciaminas.mg.gov.br/governador/pronunciamento/pronunciamento-do-governador-antonio-anastasia-durante-o-dia-de-minas/

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Proposta de integração das melhores universidades da América Latina

Proposta de integração

A educação garante um futuro promissor. Partindo dessa premissa, o reitor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), José Narro Robles, propôs a integração das melhores universidades da América Latina em um grupo presidido conjuntamente pela OEA e pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a fim de gerar uma proposta de integração educacional na região. Para tanto, afirmou Robles, qualquer estratégia deve considerar minimamente três áreas: mobilidade regional de professores e estudantes, organização de um novo modelo de universidade latino-americana e treinamento em ensino superior e pesquisa na área comum da América Latina e do Caribe. Ao expor o estado atual da educação na região, ele lembrou que mais da metade dos jovens não têm acesso ao ensino superior.