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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Fw: "Grande sertão: veredas": o Acervo Guimarães Rosa no IEB-USP



"Você conhece os meus cadernos, não conhece? Quando eu saio montado num cavalo, por Minas Gerais, vou tomando nota de coisas. O caderno fica impregnado de sangue de boi, suor de cavalo, folha machucada. Cada pássaro que voa, cada espécie, tem vôo diferente. Quero descobrir o que caracteriza o vôo de cada pássaro, em cada momento."
 

JOÃO GUIMARÃES ROSA
Entrevista concedida a Pedro Bloch

Nesta terceira newsletter exclusiva sobre o lançamento de Grande sertão: veredas pela Companhia das Letras, convidamos Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos e Elisabete Marin Ribas para escrever sobre o Acervo de João Guimarães Rosa que fica no Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Elas falam sobre o conteúdo do acervo e as pesquisas realizadas pelo escritor. Leia abaixo o texto.

Caso tenha perdido as newsletters anteriores, clique nos links abaixo e confira os conteúdos já divulgados:

  1. A capa de Grande sertão: veredas, com texto de Alceu Chiesorin Nunes
  2. Versão compacta da cronologia de Guimarães Rosa
A nova edição de Grande sertão: veredas, uma das obras fundamentais da literatura brasileira, será lançada no dia 25 de fevereiro e já está em pré-venda.

Acervo João Guimarães Rosa no Instituto de Estudos Brasileiros da USP

O Acervo João Guimarães Rosa, sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, é constituído pela biblioteca do escritor, composta de aproximadamente 3.000 volumes, e por um conjunto muito rico, variado e importante de documentos que dizem respeito tanto à vida pessoal quanto à carreira literária e diplomática do autor de Grande sertão: veredas. Mas é, sobretudo, a coleção de mais de 9 mil documentos que nos possibilita um exame da trajetória pessoal e literária do escritor, pois reúne uma enorme diversidade de materiais, que incluem desde documentos pessoais, fotografias e correspondência do escritor, assim como originais em diferentes fases de elaboração, manuscritos, cadernos, cadernetas e pastas contendo estudos para a obra, recortes de jornal e impressos avulsos.

Suas pastas, volumes e cadernos tratam de uma variedade surpreendente de assuntos — zoologia, heráldica, religião, xadrez, costumes, roupas, culinária, filosofia, pintura, literatura, cultura popular —, oferecendo uma prova cabal do ânimo investigativo e curioso do escritor, demonstrado na impressionante massa documental que lhe serviu de alicerce e material. Ali, se o pesquisador da língua aparece nos incontáveis estudos de vocabulário e expressões, o estudioso da cultura, tanto erudita quanto popular, também se faz presente.

A mistura programática desses saberes faz da obra de Rosa um lugar permanente de negociação entre a modernidade urbana e a cultura tradicional-oral das comunidades rurais, ou de articulação entre o espírito de vanguarda e o interesse no regional, o que, superando dualismos e dicotomias, resulta numa mescla de formas cultas e populares, arcaísmos e neologismos e regionalismos e estrangeirismos. Guimarães Rosa é autor de uma obra que se configura como um espaço de tensões entre rural e urbano, entre arcaico e moderno, entre oral e escrito, atuando como um mediador entre duas ordens diversas de experiência — papel esse facultado pela situação muito particular de ele ter sido simultaneamente um homem do sertão e um cidadão do mundo.

O Arquivo documenta todo esse processo de formação do homem e do escritor, permitindo-nos acompanhar de perto o trabalho paciente e lento de coleta e armazenamento de documentação que Guimarães Rosa levou a cabo e que se concretiza na enorme massa documental reunida nas diferentes séries. Nela, é possível testemunhar o gesto deliberado e consciente de um autor que procurou municiar-se de dados de toda ordem para compor seu universo ficcional.

Guimarães Rosa coleciona citações, fotos, desenhos, listas de palavras, recortes de jornal — registros de um trabalho artesanal acumulado nos cadernos e pastas como fragmentos do real prontos a se articularem em novas constelações de significados. Percorrer seu Arquivo é deparar-se a todo instante com essa vasta coleção de fragmentos oriundos de tempos e tradições diversos, prontos para saírem de seu estado virtual e construírem novos feixes de significação.

Profa. Dra. Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos

Curadora do Acervo João Guimarães Rosa — IEB-USP

 

Elisabete Marin Ribas

Arquivo IEB-USP
 

Clique aqui e leia o texto na íntegra
Capa da caderneta número 6, do Acervo de João Guimarães Rosa.

Última caderneta da viagem ao sertão mineiro, ocorrida em 1952. Detalhe para o cordão que foi mantido junto à espiral da caderneta, que atesta o modo como João Guimarães Rosa levava sempre ao alcance da mão, ou melhor, dependurados ao pescoço, seus cadernos e cadernetas.

Frase final da caderneta:
"Eu e meus companheiro,
Vamos bem emparelhados
Eu me chamo viramundo
E ele é mundovirado".
 
Vista panorâmica de caixas – Arquivo pessoal de João Guimarães Rosa

Arquivo IEB - USP



 
Pena de ave guardada por João Guimarães Rosa.

Item pertencente ao Arquivo pessoal de João Guimarães Rosa

Arquivo IEB - USP

 
Amor-perfeito, encontrado entre os livros e documentos de João Guimarães Rosa.

Item pertencente ao Arquivo pessoal de João Guimarães Rosa

Arquivo IEB - USP
 
Vista panorâmica de cartões-postais de Guimarães Rosa.

Documentos pertencentes ao Arquivo pessoal de João Guimarães Rosa

Arquivo IEB - USP
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